sábado, 22 de maio de 2010

"Arruma o armário, menino!"

"Arruma o armário, menino!" minha mãe gritou quando viu que meu armário não andava tão organizado como antigamente. E de fato eu precisava arrumar meu armário. Só que minha mãe não sabia que ela era um dos motivos de meu armário estar tão abarrotado...

Imagine o que é para um rapaz de mais de vinte anos viver com insinuações e ameaças a respeito de sua sexualidade? Crescer numa família de pensamento tradicional é vantajoso no que diz respeito aos cuidados com os estudos, uma boa alimentação, com a criação de uma rotina saudável na infância... mas no tocante a sexualidade, ou melhor, a homossexualidade, uma família tradicional é uma prisão domiciliar...
Por amor a minha família, por autoproteção, sempre desejei não ser homossexual. Aceitava ser um HSH (homem que faz sexo com homem) por aceitar essa conduta apenas como um tesão passageiro.. "Emoção? Amar outro homem? Não comigo!" Até que comecei minha vida sexual e vi que desejava mais do que sexo esporádico com outro homem. Daí desejei uma bissexualidade... " uma dieta balanceada permite uma vida mais saudável, diria qualquer nutricionista." Mas, mesmo amando as mulheres e sabendo que poderia sim fazer sexo com elas, o que fazia meu sangue ferver, minha pele arrepiar e minha boca secar era um homem. Não falo em esteriótipos de homem, mas num homem puro em essência... cheiro de homem, pele de homem, voz de homem, toque de homem. Nem tudo isso eu encontrava no mesmo homem, mas homens distintos me chamavam a atenção por motivos distintos. Quando eu já conseguia me confortar com a idéia de ser bissexual, veio um homem e me desestabilizou. Estava eu apaixonado. E o pior, não poderia mais me enganar com paliativos emocionais: finalmente eu me entendera e aceitara como homossexual.
Mas o pior estava por vir. Como viver minha (homos)sexualidade sem minha família saber? Sei que, homofóbica como minha família é, jamais me aceitaria. Então reccoro à intenete. Encontros, desencontros, reencontros... idas à "casas de amigos fazer trabalhos para a faculdade". Nunca fiz tantos seminários em minha vida! Se cada encontro meu fosse um trabalho universitário, eu me formaria em três cursos distintos além do meu.
Então, vem novamente minha mãe me chamar para arrumar meu armário. "Deixa que eu te ajudo a arrumar o armário, menino!" Se ela soubesse o que esse menino guarda dentro do armário...

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